Alguns esclarecimentos sobre CAG "Roleplaying" e "Jeito certo de jogar D&D Oldschool "
A paixão eviscerante de alguns fãs me animaram a fazer um post rapidinho hoje sobre algo que respondi em um local que decidiu ficar triste e deletar minhas postagens e de outros para esconder a motivação real por trás da censura. Mas enfim, como diria a imagem no título, "Não iremos a lugar nenhum." Então, posto aqui algumas das informações deletadas para o deleite dos fãs e das pessoas comuns que só querem se informar.
Esse texto abaixo engloba a pergunta de dois locais diferentes. A comunidade em questão que citei acima e o JACA. No primeiro, foi perguntado o por quê o CAG seria tão radical em dizer que seria o jeito certo de jogar D&D oldschool (Nunca disse isso) e que obra x, y, z e os vários Gygax das décadas posteriores ao lançamento do AD&D diziam que não é e etc. O segundo foi o do por quê o estilo rejeita completamente o "roleplaying" (não rejeita). Eu poderia simplesmente linkar as traduções 1, 2 e inúmeras outras que o Dustdigger já fez sobre o tema, mas imagino que a demanda era a minha opinião sobre o tema, já que eu fui marcado para responder. Também poderia linkar alguns dos meus textos que falam disso, Mas, para ser sincero, eu não lembro nem o que comi ontem, quem dirá o que disse em qual texto e quando. Então eu simplesmente disse o que respondi abaixo. O resto é história:
"Então, não lembro de nenhuma parte dos textos do CAG falando que é o verdadeiro modo de jogar o D&D, que roleplay é proibido ou até desencorajado. Na verdade ele só não é o foco. Menos ainda o teatro, vozinhas e etc. Mas isso é destacado como tirando a prioridade do que é importante no jogo, se aventurar. O estilo é sim com foco no jeito mais próximo possível que o DMG e os livro core do AD&D descrevem como sendo o fantasy adventure gaming na percepção do Gygax da década de 70, início 80.
A galera do CAG nunca negou que sempre existiu outros modos de jogar. Tinha narrativismo desde a época do OD&D, o Braunstein usava técnicas narrativistas antes mesmo de D&D existir. Ninguém diz que não pode jogar assim. Só não é do que se trata o estilo.
Não posso falar por ninguém além de mim, mas na brincadeira eu exagero mesmo, é parte da graça, o exagero. E eu entendo que tem gente neurologicamente incapaz de entender piada e respeito isso. Mas a pessoa precisa entender isso também e relevar quando não entende. E eu sempre faço questão de esclarecer que cada um joga do jeito que quiser.
Se parece radicalismo quando fala sério, eu entendo a percepção, mas discordo. Não é radicalismo, é só um esclarecimento constante de que o estilo de jogo prega um jeito bem específico de jogar, dado o contexto histórico do próprio D&D e posteriormente do OSR de desvirtuar as propostas originais escritas nas regras do manual. Então é preciso esclarecimento que às vezes pode parecer como rigidez, para explicar isso de novo e de novo quando alguém vem perguntar. E é preciso ser claro para não confundirem com o que é pregado pelo OSR moderno como jogo, seja lá fora, ou pior, aqui no Brasil, em que além da distorção sobre o(s) modo(s) de jogar Oldschool, também tem a questão da dificuldade com a lingua inglesa, interpretação de texto, cultura nacional de jogo que não fez parte dessa fase clássica e etc.
O próprio D&D complicou tudo na TSR quando o Gygax foi (considere como boatos maldosos, não fatos, antes de me acusarem de fakenews.) cheirar pó e lançar desenho animado em Hollywoood. Deram exemplo de que as zines oficiais da época pregavam estilos diferentes de jogo do que o CAG prega. Como o exemplo citado na pergunta (perdida no limbo da hipocrisia) as revistas Dragon. Daí eu falei, vai depender muito de quais você ler. Lá no início das revistas, na época em que saiu o AD&D, os artigos da Dragon (e outras) eram razoavelmente bons, porque tinha influencia direta do Gygax e serviam para esclarecimento de aplicação de regras do AD&D como era considerava ideal. Mas a partir do período que ele foi pra hollywood fazer desenho animado, ele se distanciou da marca e colocou outros em seu lugar para guiar as revistas. Daí que virou bagunça. Certeza que você vai achar lá narrativismo a dar com pedra, personagem heróico como em romances de Dragonlance e etc.
E falo sobre Gygax de 1970 e 80, porque o CAG se alinha à visão de jogo dele dessa época. Não as inúmeras mudanças de opinião (tanto por ter sido banido de produzir para D&D e porque com o tempo as pessoas mudam certos gostos e prioridades por N fatores) que ele teve posteriormente.
Você vê isso tudo em livros em geral sobre a origem do hobby, os autores tem mesmo a obrigação de pesquisar e apresentar fatos históricos. Sim, existiu todo o tipo de jeito de se jogar D&D, especialmente pelo fato dos livros não serem muito claros à época de como seria o jeito idealizado pelos seus autores e cada um interpretava de uma forma a seu gosto. Mas depois de décadas jogando o jogo, encontrando os autores em eventos e com o advento internet rolando, essa galera começou a entender melhor como era a proposta original do jogo.
Então, CAG não é a verdadeira forma definitiva de jogar D&D clássico (tanto que tem o BroSR por aí também https://ratoatroz.blogspot.com/2025/10/o-que-diabos-e-brosr.html). Também não desmerece o roleplay e nem proibe gente que faz vozinha de jogar (isso só eu proíbo. Quem faz vozinha na minha mesa sou eu) Mas o CAG é a forma, guiada pelos textos dos livros core e artigos de Gygax nas revistas da época. Sobre como o Fantasy Adventure Game deveria ser jogado em sua proposta original.
CAG foi feito com o AD&D1e especificamente em mente, o texto core que o Gygax apresenta no DMG. Mas OD&D também é compatível e todo jogo que usa o chassi desses sistemas e que dá suporte a jogo highlevel focado em adventure gaming.
Talvez a confusão que as pessoas tenham com relação a posições "radicais" seja na afirmação que é para se jogar o jogo de aventura clássico definitivo.
Eles do CAG falam isso pelo fato de que Gygax usava muito o termo Fantasy Adventure Game no AD&D para definir sua proposta de jogo. Como a sigla ficaria ruim nos moldes modernos da internet, eles adotaram o Classic Adventure Game como sigla para o movimento. Então, quando falam sobre o modo original de jogar D&D clássico, eles falam sobre o Fantasy Adventure Game, não sobre as inúmeras formas de que os jogos eram jogados antigamente à revelia do que dizia o livro.
E não excluem que sempre existiu outras formas de jogo, só tentam se desvencilhar deles para não perder a proposta e o sentido como aconteceu com a sigla OSR.
Outro ponto a se considerar é que essa linguagem de verdadeiro jeito definitivo vem muito é do BroSR. Lá a galera é mais incisiva nisso e levam a guerra cultural paras suas mesas. Então talvez algumas pessoas estão misturando os movimentos. Mas são coisas bem diferentes, tanto na proposta de jogo, como na forma que apresenta. O CAG não se mete em guerra cultural.
THE END"
Antes e depois disso, seguiu uma discussão muito boa no JACA sobre o citado, com relatos de mesas dizendo mais que existe sim ropleplay em CAG, só não é do jeitnho que você aprendeu no youtube.
No mais, nossos jogos continuam rolando, nossas discussões continuam agregando e a diversidade de opiniões sobre o hobby continua borbulhando. Com você (no caso todos nós) querendo ou não. Lencinho de papel para os que preferem vomitar ofensas em vez de ler e jogar o jogo.
Então, XOXO para os super fãs e um salve para a galera que tira proveito de tudo sem se ofender por coisas triviais na internet. Que se baseiam em fatos e não em fofoca alheia na internet. Bons jogos!
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