OSRIC 3.0 na reta final de financiamento. Apoie já! E não, não vai substituir a 1e.
Como diz o título, o financiamento do primeiro retroclone da insubstituível primeira edição de D&D e primeiro retroclone de D&D, ponto, está chegando ao fim. Se ainda não apoiou, corre lá e se junte à galerinha descolada.
E para não perder a oportunidade fazendo apenas mais um post de 3 linhas sobre o financiamento só por hype pessoal , deixe-me refletir sobre alguns pontos e provavelmente levantar a ira dos insaciáveis oportunistas de plantão.
Esse financiamento já é um estrondoso sucesso. O D&D oldschool nunca esteve tão bem servido como está hoje. São mais de duas décadas com sistemas e módulos excelentes, basta saber procurar, que agora recebe anualmente ainda mais e mais qualidade. Dá gosto de ver. O que é bom, felizmente prospera. Já as farsas, essas cedo ou tarde caem por terra (mas infelizmente costumam quicar por terras tupiniquins em financiamentos de tradução nacional, mas daí depois caem no abismo da insignificância para jamais retornarem). RPGista oldschool não tem do que reclamar hoje no que cabe ao D&D raiz. Não falta sistema, não falta módulo, não falta gente que de fato joga e conversa sobre o tema. Mais uma vez, basta procurar e ter senso crítico sobre o que escuta e boa vontade para pesquisar a veracidade do que escuta.
OSRIC, como todos que se interessam de verdade pelo D&D oldschool já sabem, foi o primeiro desbravador a mergulhar de cabeça na OGL para aplicar no D&D Oldschool. Que, para o bem ou para o mal, abriu as comportas para a enxurrada de tudo e do ninguém é de ninguém que é o movimento moderno OSR. Mesmo para quem não gosta de história, ou até mesmo da realidade como a conhecemos, fica difícil negar a importância que isso teve. Sem OSRIC dificilmente você teria seu sisteminha de uma página OSR inspirado em D&D, PbtA e rosa shock.
E essa edição 3.0 veio não só para relembrar isso aos esquecidos, mas também para convidar os jovens antenados, que tem um interesse real às mecânicas e ao estilo do jogo, aprenderem melhor sobre ele e o porquê dele ser tão querido. Essa edição não só promete, como tenho certeza que vai cumprir (a julgar pelo que S&W:CR já conseguiu fazer com seu layout, conteúdo e clareza no texto) o objetivo de ser uma ferramenta de entrada para D&D 1e.
Isso mesmo que você leu, ferramenta de entrada. Não definitiva, não inspirada, não revolucionária, não revisionista. De entrada. D&D1e é insubstituível, como eu já disse várias vezes. E não, eu também não gosto da ordem que as informações são apresentadas no original. Assim como a abertura para múltiplas interpretações de suas regras. Eu gosto de consistência e clareza nos meus jogos, como qualquer pessoa que não seja de humanas. Também não gosto de ter que ficar lendo Dragon magazine número XX para achar esclarecimentos de regras apresentadas 10 anos antes. Também não sou nostálgico por página amarelada, nem por tempos que nunca vivi. Mas eu gosto demais desse jogo pelas suas qualidades objetivas, como já descrevi várias vezes em textos anteriores.
A questão, no entanto, é que apesar de gostar muito do AD&D original, eu vejo muita validade no OSRIC 3.0. Ele vai ajudar a esclarecer o fundamental do jogo (mesmo não sendo a interpretação definitiva. Nenhuma será). Então, se eu ou meus jogadores tiverem alguma dúvida de momento (a gente sempre tem), vai poder ir lá e dar uma conferida rápida sem se perder no vocabulário gygaxiano. O 2.0 já ajuda nisso, mas deixa a desejar em outros pontos. E o 3.0 vai deixar a desejar em outros tantos também.
Porque ele não é a 1e. Essa só existe uma. O OSRIC é e continuará sendo uma interpretação dela, nada mais, nada menos. Os próprios autores já disseram isso até babar. Eles decididamente amam a 1e. São extremamente respeitosos com o legado do Gygax (loucura, né? Em pleno 2025 alguém respeitar algo que veio antes sem simplesmente tomar posse e apagar a história. Depois reclamam do termo Westmarches. Haja hipocrisia kkkkk), Pois então. Respeitam o legado ao ponto de querer reproduzir o que há de essencial ao sistema, trazendo mais gente para o jogo, mas não com a pretensão de o substituir.
O DMG especialmente, é um livro impossível de reproduzir. E não estou falando de questões legais apenas, mas de alma. Aquele livro tem alma. Quem leu e entendeu nem que seja 10% dele, vai concordar. Mesmo que seja na calada da noite, com roteador e celular desligados, para não deixar o Reddit e twitter escutarem e costurar seu nome na boca doTsathoggua. O tanto de informação que tem naquele livro parece coisa de louco. Cada vez que se abre aquele livro, mais informação nova e útil aparece. É impressionante.
Sim, o livro do mestre do 3.0 vai ser sensacional para consulta, para esclarecimento de uma ou outra regra essencial do jogo, mas não vai ter a mesma quantidade de informação do DMG. E nem precisa. O DMG ainda está aí, ainda está à venda. Esse não é o propósito.
Assim como não é o propósito do livro do jogador ter as mesmas informações e estatísticas que tem no PHB. Se o assassino do OSRIC não tiver a mesma chance de assassinar como o PHB mostra, não fica tristinho. Você pode continuar dizendo para seus amiguinhos descolados que ainda joga AD&D1e. Continua sendo o mesmo jogo, com as mesmas mecânicas principais e a mesma filosofia (isso é mais do que dá para dizer sobre a 2e).
Pode parecer contraditório com que já foi dito até então, mas com o 3.0 você vai continuar jogando AD&D1e, só que de forma mais fácil e digerível. Depois que você pegar na prática o que o jogo tem a oferecer, vai ver que é muito mais fácil digerir o que os livros originais tem também a oferecer. Não precisa ficar chateado. E não precisa desmerecer o 3.0 também.
A existência dele vai ser ótima para que iniciantes venham jogar esse jogo excelente. E é melhor ainda para o mestre, que vai poder mandar sem culpa eles lerem o 3.0, em vez de ter que desbravar de cara o PHB. Certamente vai ter menos choro e resistência na leitura. Os parágrafos serão mais curtos, a escrita mais clara, as artes com menos cabelo no peito. Vai ser show.
Isso sem entrar no mérito do novo VTT, que vai ser ainda mais completo do que a versão do 2.0, na licença fora da OGL que vai tirar o fardo do bafo corporativo da WOTC da nuca, nos novos PDFs dos livros de regra que serão gratuitos, nos novos módulos de aventuras feitos por uma galera que saca muito do jogo. Isso tudo e mais 50 anos de compatibilidade, somando os módulos originais, com os do OSR clássico. Não tem ponto negativo nessa brincadeira. O futuro da 1e é brilhante, já está sendo. Faça parte dele. E da melhor forma possível, aprendendo e jogando o melhor D&D que existe.
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